RMMG - Revista Médica de Minas Gerais

Número Atual: 35 e-35203 DOI: https://dx.doi.org/10.5935/2238-3182.2025e35203

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Artigo de Revisão

Repercussões da COVID-19 na prática de atividade física e na saúde de pessoas com fibromialgia: uma revisão de escopo

Repercussions of COVID-19 on physical activity and health in people with fibromyalgia: a scoping review

Lidhane Santos Coelho1; Franciel Macedo Almeida de Jesus1; Laiane Silva dos Santos1; Gabriela Garcia de Carvalho Laguna2; Dhéssica Lorrani Alves Antonio2; Larissa Rodrigues Mendonça1; Ana Clara Silva dos Santos1; Ketely Oliveira Alves1; Iulas de Souza Ramos1; Grasiely Faccin Borges1

1. Centro de Formação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Sul da Bahia (CFCS/UFSB), Bahia, Brasil
2. Instituto Multidisciplinar em Saúde da Universidade Federal da Bahia (IMS/UFBA), Bahia, Brasil

Endereço para correspondência

Lidhane Santos Coelho
E-mail: lidhane@outlook.com

Conflito de Interesse: Os autores declaram não ter conflitos de interesse.

Recebido em: 03 Setembro 2024
Aprovado em: 17 Novembro 2024
Data de Publicação: 21 Maio 2025

Editor Associado Responsável:

Mário Benedito Costa Magalhães
Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade do Vale do Sapucaí
Pouso Alegre/MG, Brasil

Resumo

INTRODUÇÃO: A fibromialgia caracteriza-se por uma dor musculoesquelética crônica e generalizada. Dentre os tratamentos conhecidos, destaca-se a prática regular de atividade física. O contexto pandêmico, contudo, instituiu uma série de mudanças, repercutindo na realização dessas atividades e na saúde das pessoas acometidas pela doença.
OBJETIVO: Descrever as repercussões causadas pela pandemia de COVID-19 na prática de atividade física e na saúde de pessoas com fibromialgia, por intermédio da análise dos estudos que relacionam tais aspectos.
MÉTODOS: Realizou-se uma revisão de escopo, nas bases Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos (PubMed), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica (Medline) e Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Foram incluídos artigos com dados primários que abordassem as implicações da pandemia na prática de atividade física e saúde de pessoas com fibromialgia, entre 2020 e 2023, nos idiomas: inglês, espanhol ou português.
RESULTADOS: Foram selecionados 12 estudos com o total de 3.403 participantes. Foi verificada a redução acentuada da prática de atividade física durante a pandemia de COVID-19, a adesão a programas alternativos de treinamento, e aumento dos níveis de dor, ansiedade e depressão.
CONCLUSÃO: A prática de atividade física é uma importante aliada para a manutenção da saúde de pessoas com fibromialgia. Contudo, a pandemia de COVID-19 causou uma redução significativa dessas atividades, o que contribuiu para a queda do estado geral de saúde dessas pessoas.

Palavras-chave: Fibromialgia; Exercício físico; Saúde; COVID-19

 

INTRODUÇÃO

A fibromialgia caracteriza-se por uma dor musculoesquelética crônica e generalizada, associada a sintomas neuropsicológicos como fadiga, distúrbios cognitivos, do sono, e do humor como depressão e ansiedade; além da propensão a outras síndromes relacionadas à dor e à fadiga1-3. A condição acomete pessoas de qualquer faixa etária, etnia, sexo e nível socioeconômico, mas predomina no sexo feminino, entre os 25 e 65 anos, com a prevalência de 2,0% a 2,5% no Brasil e pode ter importantes repercussões para a qualidade de vida e na realização de atividades diárias, como o trabalho, embora em geral não se trate de uma doença por si só incapacitante1,2,4.

Ela ocorre por uma sensibilização central à dor, de modo que a hiperexcitabilidade neuronal leva à amplificação do estímulo, e o sistema nervoso central se responsabiliza por sua manutenção, que pode ser desencadeada e/ou agravada por estressores físicos e emocionais diversos, como seus sintomas associados1. O tratamento perpassa componentes não farmacológicos e farmacológicos e, dentre as medidas não farmacológicas, destaca-se a prática regular e de longo prazo de exercícios físicos, em especial o aeróbico moderado, que, devido ao aumento dos níveis de serotonina, aumento de GH-IGF1, regulação do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal e do sistema nervoso autônomo, contribui para o controle da dor, depressão, ansiedade, sono e fadiga1,2,5,6.

A pandemia da COVID-19 causou repercussões na vida de pessoas de diferentes faixas etárias. Nesse sentido, foi reforçada a importância da prática de exercícios físicos para a população em geral, visando a manutenção do cuidado com as dimensões físicas e mentais durante esse período adverso3,7. O contexto pandêmico, contudo, afastou muitos indivíduos dessa prática, o que elevou a diminuição na realização de atividade física e a desfechos relacionados à piora da qualidade de vida de indivíduos, em especial para pessoas cuja inatividade pode ser determinante para a incapacidade, como nos casos de dor crônica5,8,9.

Ainda assim, há uma lacuna no que concerne ao agrupamento dos estudos que exponham como o isolamento provocado pela COVID-19 impactou a prática de atividade física, a qualidade de vida, a percepção de dor, o grau de capacidade e a saúde global de pessoas com fibromialgia, justificando a necessidade deste artigo. Nessa perspectiva, esta revisão de escopo foi realizada com o objetivo de descrever as repercussões causadas pela pandemia de COVID-19 na prática de atividade física e na saúde de pessoas com fibromialgia, por intermédio da análise dos estudos que relacionam tais aspectos.

 

MÉTODOS

Trata-se de uma revisão de escopo, metodologia que visa a síntese de evidências e avalia o escopo da literatura sobre um tema de pesquisa, assim como possíveis lacunas existentes. O estudo foi conduzido pelo protocolo Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR) e conta com os seguintes tópicos preconizados pelo manual: título, resumo estruturado, fundamentação, objetivos, protocolo e registo, critérios de elegibilidade, fontes de informação, pesquisa, seleção das fontes de prova, modelo de extração de dados, itens de dados, síntese dos resultados, limitações e conclusões10.

A revisão foi cadastrada no Open Science Framework com identificação DOI 10.17605/OSF.E/S9BJQ. Sendo norteada pelo acrônimo PCC (População, Conceito, Contexto) e seguinte pergunta de pesquisa: "Quais as repercussões provocadas pela pandemia de COVID-19 na prática de atividade física e na saúde de pessoas com fibromialgia?" (Tabela 1).

 

 

Realizou-se uma busca de alto rigor metodológico para seleção dos estudos em 03 de abril de 2023, a partir do Medical Subject Headings (MeSH) e Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): "Fibromialgia", "Exercício Físico", "Saúde" e "COVID-19", combinados com o operador booleano AND (entre descritores) e OR (entre sinônimos). A estratégia foi empregada nas seguintes bases de dados: Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos (PubMed), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica (Medline) e Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Para assegurar o critério científico de reprodutibilidade, a estratégia de busca foi sintetizada na tabela 02:

 

 

Os resultados obtidos nas bases de dados foram exportados para o gerenciador de referências Rayyan®, sendo esta etapa conduzida de forma cega, por dois avaliadores independentes (LSC e ISR), da área da saúde, os quais resolveram as divergências por consenso. Aplicaram-se os seguintes critérios de inclusão: publicações sobre as implicações da pandemia, na prática de atividade física e saúde de pessoas com fibromialgia, entre 2020 e 2023, em inglês, espanhol ou português. No que concerne ao tipo de estudo, foram consideradas pesquisas primárias, quantitativas e qualitativas de qualquer desenho ou metodologia. Excluíram-se cartas ao editor, revisões, resumos em anais de eventos, artigos incompletos, não gratuitos, estudos em fase de projeto ou ainda sem resultados.

Os dados foram extraídos por dois revisores (DLAA e LRM), de maneira independente, e organizados em formulários estruturados no software Microsoft Excel®. Para garantir uma melhor acurácia desta etapa, o processo foi confirmado por um terceiro revisor (LSC) e as divergências foram resolvidas por consenso. Essa fase foi conduzida pelo instrumento Joanna Briggs Institute (JBI), sendo incluídos no quadro de extração: autoria, referência, país, ano da publicação, objetivo, desenho do estudo, número da amostra e principais resultados10.

O processo de interpretação e síntese baseou-se na técnica de Análise de Conteúdo de Bardin que se articula em três pilares principais (pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados) e enfatiza a sensibilidade das etapas com base nos seguintes tópicos: exaustividade, representatividade, homogeneidade e pertinência; com categorização e agrupamento dos conteúdos identificados11. Posteriormente, essas informações foram sintetizadas e inseridas na Tabela 3.

 

 

RESULTADOS

Na etapa de identificação, foram encontrados o total de artigos (n = 178; Medline= 06; Lilacs= 03; PubMed=59; Capes=110). Na etapa de seleção, 30 artigos foram excluídos por estarem duplicados, 08 por serem revisões, 29 por estarem incompletos e 70 por não atenderem ao objetivo deste presente estudo. Na etapa de elegibilidade, os 41 títulos restantes foram lidos na íntegra e 29 foram excluídos por não relacionarem COVID-19, atividade física, saúde e fibromialgia, restando 12 artigos. Na etapa de inclusão, os 12 artigos selecionados foram incluídos e tabulados (Figura 1).

 

 

Esta revisão é constituída por 08 estudos observacionais (05 transversais, 01 qualitativo, 01 longitudinal e 01 prospectivo) e 04 experimentais (03 ensaios clínicos randomizados e 01 prospectivo). A amostra total analisada foi composta de 3.403 participantes, sendo 2.963 mulheres e 440 homens diagnosticados com fibromialgia. A distribuição geográfica referente aos países onde os estudos foram conduzidos incluiu Brasil (n= 03), Espanha (n= 05), França (n= 01), Índia (n= 01), Israel (n= 01) e Turquia (n= 01). A síntese dos principais resultados foi apresentada na Tabela 3.

Em decorrência da COVID-19, 41,67% (n=05) dos artigos demonstraram que houve interrupção ou redução da prática de atividade física devido ao bloqueio de centros de treinamento, bem como espaços públicos, prejudicando ou interrompendo as atividades dos praticantes12,17,18,21,22. Três artigos relataram que atividades virtuais, como o fibrowalk e telerreabilitação, foram úteis na manutenção da prática de exercícios13,20,23.

O fibrowalk incluiu educação em neurociência da dor, exercícios terapêuticos, terapia cognitivo-comportamental e treinamento de atenção plena, sendo realizado durante 12 semanas e acompanhado por meio de vídeo semanal com 60 minutos de duração23. Os outros dois artigos abordaram a telerreabilitação em suas intervenções13,20. Um desses aplicou exercícios de alongamento supervisionados por telemedicina por 12 semanas, sendo utilizado um guia de exercícios e vídeos explicativos para orientar a prática entre os participantes13. Já o segundo avaliou os efeitos de um programa de telerreabilitação baseado em exercícios aeróbicos, o qual foi guiado por vídeo, sendo a intensidade de cada sessão monitorada durante 15 semanas com 2 sessões semanais20.

Cinco estudos (41,67%) demonstraram que a atividade física, sobretudo realizada ao ar livre, é uma opção de tratamento não farmacológico eficaz devido aos efeitos positivos na melhora da interação social e dos sintomas gerais relacionados à fibromialgia11,15,17,20,21. Todavia, mediante o contexto de pandemia, 50% (n=6) dos artigos expuseram que os participantes buscaram readaptar-se ao novo cenário, realizando atividades dentro do ambiente domiciliar, incluindo treinos aeróbicos e de força13,16,19,20,22,23.

Um estudo (8,33%) analisou a percepção pessoal sobre a habilidade das pessoas em performar atividades físicas, citando que sentir-se apto quanto à realização da atividade proposta minimiza a concepção de vê-lo como intenso14. Além disso, foi evidenciado que, para cada indivíduo, graus de intensidade leve, moderada ou intensa são percebidas de diferentes formas; a mesma caminhada descrita como leve por determinadas pessoas, foi considerada como intensa para outras14.

Os sintomas associados à fibromialgia e ao isolamento social provocado pela pandemia descritos em todos os artigos foram depressão, fadiga, distúrbios do sono, ansiedade e dor. Em um dos artigos (8,33%), os quatro primeiros sintomas citados foram avaliados pela symptoms severity scale, com os participantes apresentando uma pontuação média de 08/12, o que os classificou como de intensidade moderada e frequência elevada21. Seis estudos (50%) utilizaram a escala visual analógica para mensurar os níveis de dor entre os participantes, apresentando respostas iguais ou superiores a 07/10, o que categorizou a dor percebida entre os participantes como de moderada a intensa12,13,17,20-22. Evidenciaram-se em 50% (n=06) dos artigos que a atividade física adequada pode interferir positivamente na qualidade do sono e, consequentemente, na melhoria dos sintomas psicológicos e fisiológicos, refletidos na manutenção da qualidade de vida e no bom desempenho de atividades básicas diárias13,14,16,18-20.

Quase todos os estudos de intervenção que avaliaram os efeitos da prática de atividade física durante a pandemia demonstraram melhorias nos sintomas da fibromialgia12-16,20,22,23. Entre os estudos, três seguiram protocolos específicos, incluindo o aconselhamento sobre alongamento por meio de guias de exercícios e vídeos para prática individual, exercícios aeróbicos de telerreabilitação com intensidade moderada, e estratégias multicomponentes baseadas em exercícios terapêuticos, educação em neurociência da dor e treinamento de atenção plena13,20,23.

Apenas um artigo mencionou que os sintomas da doença amenizaram mesmo com a ausência da prática de exercícios, sugerindo que a redução das atividades durante a pandemia resultou em menor fadiga e, consequentemente, menos sintomas relatados18. Este achado pode ser atribuído à pequena amostra ou à importância do repouso para esses indivíduos.

Além disso, 58,33% (n=07) dos estudos relataram que a pandemia interferiu no método de investigação e na análise dos resultados12,13,13,17,19-21. Nessa perspectiva, entrevistas foram realizadas em condições não padronizadas, havendo alta desistência dentre as amostras selecionadas13. Além disso, ao longo da intervenção, em um dos estudos, houve diferença no modo de avaliação e reavaliação dos dados e mudança da modalidade presencial para a virtual, sendo essa última etapa não conduzida sob os mesmos padrões metodológicos17. Ademais, 33,33% (n=04) dos artigos destacaram que o tamanho amostral reduzido dificultou a obtenção da subanálise por sexo, faixa etária, entre outras variáveis13,19,20.

 

DISCUSSÃO

O presente estudo foi capaz de demonstrar que a prática de atividades físicas apresenta benefícios e efeitos positivos sobre a fibromialgia, com exercícios como ioga, caminhada, musculação e alongamento sendo os exemplos mais citados. Nesse sentido, isso confirma que mudanças no estilo de vida são importantes para a redução de fatores de risco ou piora dos sintomas relacionados a doenças crônicas, tais como a fibromialgia24. No entanto, após a COVID-19, devido às próprias medidas de isolamento, houve uma considerável redução da prática de atividade física, o que resultou no aumento dos níveis de ansiedade, depressão, dor, fadiga e distúrbios do sono entre os participantes.

Em virtude da COVID-19, quase metade dos artigos analisados apontaram que houve a redução da prática de atividade física devido à necessidade de os centros de treinamento manterem-se fechados, bem como os espaços públicos, prejudicando ou interrompendo as atividades dos praticantes12,17,18,21. Pessoas com fibromialgia têm menor adesão a exercícios em circunstâncias normais, uma vez que a prática se relaciona, diretamente, ao estado emocional e psicológico12. A pandemia agravou esse desafio, a exemplo do abandono por quase metade da população de um estudo que vinha realizando exercícios de forma regular12.

Foi destacado que a prática cotidiana de atividades físicas favorece a interação social, sobretudo quando realizada em espaços ao ar livre, fator importante tendo em vista a inclinação desse grupo ao isolamento social12,17,18,21,22. Com o fechamento de academias, clubes esportivos e espaços públicos, muitos participantes relataram piora do estado de saúde físico e psicológico durante a pandemia22. Esses dados reafirmam o benefício da atividade física entre as pessoas com dor crônica e como a ausência dessa prática, de forma geral, diminui a qualidade de vida desses indivíduos20.

A prevalência da fibromialgia no Brasil é de 2%, sendo que a proporção entre os sexos é de 1 masculino para 5,5 feminino25. Evidenciando congruência com os dados citados, as mulheres compõem a maioria entre os participantes incluídos neste estudo. Por englobar o maior número de casos, o sexo feminino tende a sofrer de forma mais acentuada com os impactos da fibromialgia23. Descritas com frequência na literatura, a ocorrência da síndrome menstrual e disfunções sexuais são fatores que limitam, respectivamente, a prática de atividades físicas e o interesse em interagir socialmente desse grupo23,25,26. A tendência dessas condições, somada às restrições sociais provocadas pela COVID-19, pode estar relacionada à intensificação do isolamento e, consequentemente, à queda no estado de saúde verificado entre grande parte das participantes deste estudo.

Entre os estudos analisados, a maioria é internacional e de origem espanhola14-16,18-23. Esse fato deve ser destacado devido às diferenças culturais, demográficas e, sobretudo, estruturais que influenciaram, diretamente, as medidas tomadas por cada país durante a COVID-19 e, consequentemente, o panorama geral exposto sobre a prática de atividades físicas e saúde de pessoas com fibromialgia no período. O sistema de saúde espanhol, por exemplo, sofreu e sofre alterações em seu gerenciamento desde 2010 devido à intensificação das ondas migratórias, fato que dificulta o delineamento de um perfil populacional solidificado e adiciona complexidade às estratégias de intervenção sobre as doenças que afetam a população, tal como a fibromialgia27.

Por tratar-se de um estudo secundário, as limitações dos artigos incluídos podem refletir nos resultados deste trabalho. Dessa forma, foi observado que a pandemia interferiu no método de investigação e na análise dos resultados, uma vez que algumas entrevistas foram realizadas em condições não padronizadas, havendo grande redução e desistência entre as amostras selecionadas. Além disso, no decorrer da realização das pesquisas, foram efetuadas alterações na forma de condução das etapas, com alternância entre as modalidades presencial e a virtual, fatores esses que implicaram no produto final desses artigos. Outrossim, os critérios de inclusão relativos aos idiomas podem ter restringido a abrangência da busca.

 

CONCLUSÃO

Este estudo foi capaz de mapear as repercussões causadas pela pandemia de COVID-19 na prática de atividade física e na saúde de pacientes com fibromialgia. De certo, a prática de atividade física é uma importante aliada para a manutenção da saúde de pessoas com fibromialgia. Contudo, a pandemia causou uma redução significativa dessas atividades, o que contribuiu para a queda do estado geral de saúde dessas pessoas.

Por fim, mediante o exposto, urge a necessidade de maiores aprofundamentos acerca desse tema, sendo indispensável a implementação de novos estudos com número maior de participantes, com abordagens mais padronizadas, que considerem análises geográficas mais amplas, e discutam com um intervalo de tempo mais confiável as repercussões da pandemia de COVID-19 na prática de atividade física e na saúde de pessoas com fibromialgia.

 

CONTRIBUIÇÕES DO AUTORES

As contribuições dos autores estão estruturadas de acordo com a taxonomia (CRediT) descrita abaixo:

Coelho LSC propôs o tema desenvolvido, realizou o levantamento bibliográfico e participou da redação e elaboração da versão final do artigo. Ramos IS participou do levantamento bibliográfico, da redação e da elaboração da versão final do artigo. Antônio DLA participou do processo de síntese dos resultados, da redação e da elaboração da versão final do artigo. Mendonça LR participou do processo de síntese dos resultados, da redação e da elaboração da versão final do artigo. Almeida FM participou da discussão teórica, redação e da elaboração da versão final do artigo. Alves KO participou da discussão teórica, da redação do artigo e da elaboração da versão final do artigo. Laguna GGC participou da redação e da elaboração da versão final do artigo. Santos LS participou da redação e da elaboração da versão final do artigo. Santos ACS participou da redação e da elaboração da versão final do artigo. Borges GF participou da redação e revisão do artigo. Todos os autores discutiram, leram e aprovaram a versão final do capítulo.

 

COPYRIGHT

Copyright© 2021 Coelho et al. Este é um artigo em acesso aberto distribuído nos termos da Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Licença Internacional que permite o uso irrestrito, a distribuição e reprodução em qualquer meio desde que o artigo original seja devidamente citado.

 

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